Congresso reúne profissionais da engenharia do Brasil em Florianópolis e aponta solução para melhorar a qualidade das obras

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Diante da tragédia escancarada dos recorrentes desabamentos de prédios habitacionais pelo Brasil, causando mortos e feridos, a possibilidade de diminuir custos e prazos, com entrega de obras de qualidade superior, é o principal argumento a favor da metodologia BIM (Building Information Modeling – Modelagem de Informações da Construção), tema de evento nacional nos próximos dias 7 e 8 de novembro em Florianópolis. E a capital catarinense não sedia o 1º Congresso BIM CREA-SC por acaso: uma escola municipal no bairro Tapera construída com o uso dessa metodologia teve o tempo de execução reduzido pela metade e gerou grande economia para a prefeitura. A escola vai ser entregue em novembro, a tempo de receber alunos e professores já no próximo ano letivo.

 

EM BOA HORA

 

Voltado para profissionais das áreas de engenharia, arquitetura, empreendedorismo e incorporação, além de estudantes, o 1º Congresso BIM CREA-SC será realizado no auditório do Corporate Square, na SC-401, bairro Saco Grande. Em pauta, um conceito para a construção civil que agrega eficácia e assertividade aos projetos e facilita todo o fluxo de execução e gestão das obras. O evento tem a iniciativa e organização da empresa Alves Espíndola Engenharia e Consultoria e conta com o patrocínio do CREA-SC.

A tecnologia BIM permite criar digitalmente modelos virtuais precisos para uma construção e fiscalizar a obra em todas as etapas, inclusive antes que ela comece a ser executada. O que era manual e depois feito em 2D, agora é modelado em 3D, identificando inconsistências e erros que tendem a retardar e aumentar o custo do projeto. Os modelos gerados por computador contêm geometria e dados necessários para o apoio às atividades de construção, fabricação e aquisição por meio das quais uma obra é realizada.

Essa eficaz metodologia está cada vez mais presente no setor da construção, principalmente por sua capacidade de solucionar problemas enfrentados há muitos anos nessa indústria. Ela integra todos os dados em um único local e facilita o compartilhamento do projeto entre diferentes profissionais durante o processo de construção. Assim, todos podem interagir com o projeto de um edifício, gerando maior valor agregado.

 

VANGUARDA DE SANTA CATARINA

 

Entre os palestrantes confirmados para o 1º Congresso BIM CREA-SC estão o engenheiro civil José Carlos Lino, pesquisador em BIM da Universidade do Minho, em Portugal, Regina Ruschel, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), e Sérgio Scheer, da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Também estará presente Rafael Fernandes, com recente passagem pela Secretaria de Infraestrutura e Mobilidade de Santa Catarina, que é palestrante e professor de MBA em BIM. A professora Regina Ruschel, uma das pioneiras na propagação da metodologia BIM no Brasil já confirmou presença e será outra palestrante que vai atrair a atenção dos participantes. (Veja a programação completa em https://doity.com.br/bim-crea-sc)

A engenheira civil Késia Alves da Silva, consultora em BIM, diz que Santa Catarina está na vanguarda na aplicação da metodologia e desde 2014, quando o governo do Estado realizou um grande evento de BIM, obras importantes utilizaram essa tecnologia para ganhar em qualidade e eficiência. O Instituto do Coração e o novo aeroporto de Florianópolis (Floripa Airport) são projetos gestados e executados com o suporte do BIM.

A metodologia existe há mais de 20 anos no Brasil, mas ainda não é devidamente difundida, sobretudo junto aos órgãos públicos. Muitos profissionais da engenharia e arquitetura se acomodaram aos sistemas tradicionais, porém hoje, com custos mais acessíveis, a tendência é de que a tecnologia BIM se torne cada vez mais popular entre os profissionais do setor.

 

PIONEIRISMO NA CAPITAL

 

No caso da escola da Tapera, a partir de uma modelagem virtual a obra foi executada sem interrupções, sem aditivos (uma constante principalmente em projetos financiados com recursos públicos) e de forma ágil, a ponto de permitir a antecipação da conclusão dos trabalhos em quase um ano. A engenheira Késia Alves da Silva diz que a metodologia reduz os desperdícios e evita desgastes e informa que a prefeitura de Florianópolis é a primeira do Estado a colher um resultado com o suporte do BIM. “Essa escola é a cereja do bolo do BIM no município”, afirma Késia, responsável pela organização do evento. Sobre este case haverá no congresso uma palestra de Luciano Formighieri, secretário-adjunto de Educação da Capital.

Por permitir o acompanhamento em tempo integral, esse recurso também agrega transparência na execução de obras públicas, uma necessidade cada vez mais premente e cobrada pela sociedade. Além disso, a tecnologia BIM é alinhada às normas de padronização e certificação já definidas para a construção civil. “A partir de 2021, todas as obras executadas com recursos federais terão de usar essa metodologia”, informa a engenheira Késia. A experiência da escola da Tapera será um marco para a administração pública de Florianópolis e tem chance de ser compartilhada com municípios catarinenses e de outros Estados.

Também a prefeitura de Palhoça está utilizando essa ferramenta, dentro do projeto De Olho na Obra, usando uma nova metodologia de execução e fiscalização de obras públicas. “Com o sistema tradicional os problemas só seriam detectados com os serviços em execução, com o risco de paralisações, mas com o BIM há mais agilidade e certeza de qualidade no resultado final”, afirma Késia Alves da Silva.

Entre os temas do 1º Congresso BIM CREA-SC, que trará renomados especialistas brasileiros no assunto, estão a própria metodologia e suas especificidades, políticas para o setor da construção, infraestrutura e cases de empresas que utilizam essa tecnologia em seus projetos.

Inscrições aqui.