Formação de engenheiros no Brasil enfrenta desafios e exige inovação para o futuro da profissão

Em painel sobre o tema no Summit 25, especialistas debateram o ensino, valorização da profissão e conexão entre universidade, mercado e sociedade
Por Claudia De Conto
Os desafios enfrentados pela engenharia e para o profissional do futuro foram temas de um dos paineis do CREA Summit 2025, ocorrido 26.07. O debate “Formação de Engenheiros: Tendências e Desafios” contou com a participação de Carlos Alberto Schneider, engenheiro mecânico de formação e membro da Academia Nacional de Engenharia (ANE); Claudio Jacoski, engenheiro de produção, civil, pesquisador e reitor da Unochapecó; e Modesto Ferrer, engenheiro mecânico e professor da UFSC Joinville.

Conduzindo o painel, Claudio Jacoski instigou os demais debatedores a falar sobre os rumos da Engenharia no Brasil. O reitor da Unochapecó contextualizou o cenário atual, com a entrada em vigor do Decreto nº 12.456/2025 e a Portaria MEC nº 381/2025, que estabelecem novas diretrizes para os cursos à distância no ensino superior, sendo que os cursos da área, de acordo com as novas regras, devem ter 40% da carga horária presencial. Também falou sobre o desafio enfrentado pelas universidades ao receber estudantes com preparação precária em matemática, física e química. Jacoski questionou os demais debatedores sobre os rumos da profissão.

O representante da ANE, Carlos Alberto Schneider foi o primeiro a responder, reforçando a falta de preparo dos alunos que chegam às universidades. “O maior problema não está apenas dentro das universidades, mas na matéria-prima: os jovens não têm preparo adequado para enfrentar a transformação”, explicou. Schneider falou da atuação da ANE, que possui um grupo de trabalho focado em levar as melhores práticas acadêmicas, estendendo a aprendizagem para todo o ambiente universitário; a conexão entre aprendizado e mercado; o desafio de enfrentar restrições de regulamentos e tradições de ensino da profissão. “Estamos produzindo um plano que será entregue aos candidatos a novas governanças, mostrando que a Engenharia é fundamental para a mudança de rota no Brasil”, disse o engenheiro.

O professor Modesto Ferrer, da UFSC Joinville, foi direto ao apontar a desvalorização da Engenharia como um dos maiores entraves à formação. “Para tudo o que se for fazer, precisa de um engenheiro, mas o reconhecimento da profissão é baixo, os salários iniciais são desanimadores e o ensino médio não consegue preparar os jovens adequadamente. Isso espanta talentos”, disse. Ferrer defende que, além do preparo técnico, é essencial resgatar o propósito da engenharia. “Os engenheiros extraordinários não são, necessariamente, os nota 10 em sala de aula, mas os que resolvem problemas, participam de projetos, vivem experiências extracurriculares. A Engenharia tem que ter propósito.”

Para encerrar o debate, Jacoski pediu aos participantes que falassem sobre qual o perfil de profissional é necessário para o futuro. Os debatedores foram unânimes em dizer que está claro a necessidade de um engenheiro de excelência, que é capaz de dar solução nova aos problemas, que tenham visão de mercado, sendo captados já na formatura por empresários e universidades. “O professor precisa transformar a pedra bruta, que é o aluno que chega na universidade, em uma pérola, um engenheiro de excelência”, concluiu Ferrer.


Fotos: Paulo França, Miguel Arcanjo, Fernanda Arruda, João Barradas.





